Origem de Algumas Expressões


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A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS - Essa é obvia. Quem realmente sabe das coisas é o povo. Antigamente, as pessoas consultavam o deus Hermes, na cidade grega de Acaia, e faziam uma pergunta ao ouvido do ídolo. Depois o crente cobria a cabeça com um manto e saía à rua. As primeiras palavras que ele ouvisse eram a resposta a sua dúvida.


ABRAÇO DE URSO - Um abraço significa demonstração de amizade e afeto. Já a expressão significa puro fingimento ou traição. É que é da natureza do urso fazer isso, só que, nessa hora, ele prepara é um ataque que pode levar a pessoa abraçada à morte.

ACABAR TUDO EM PIZZA - Uma das expressões mais comuns quando alguém quer criticar a política é: “tudo acabou em pizza.” Trata-se de quando algo errado é resolvido sem que ninguém seja punido e sem nenhuma solução adequada. O termo surgiu através do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam morrendo de fome. Então, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas gigantes. Depois disso, foram para casa e a paz reinou absolutamente. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez uma manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Daí em diante o termo pegou.

ACABOU-SE O QUE ERA DOCE – Como toda criança e alguns adultos gostam de doce, essa expressão é uma forma delicada de negar aquilo que pediram, ou dizer que terminou, aquilo que a pessoa estava gostando tanto. É uma maneira menos agressiva de dizer um retumbante NÃO. Exemplos: acabou-se as férias, o carnaval, o namoro, o dinheiro, etc.

ACORDO LEONINO - Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem. A sua origem vem das fábulas, onde o leão se revela como todo-poderoso.

ADVOGADO DO DIABO - Essa expressão teve origem na Igreja Católica. Quando um processo de santificação tem inicio, o Vaticano escolhe um de seus membros para investigar se os milagres atribuídos ao candidato são de fato verdadeiros. Essa pessoa passou a ser chamada, então, de advogado do diabo, pois iria trabalhar para comprovar algumas irregularidades e inverdades contra o candidato a santo.

AFOGAR O GANSO - Significa relação sexual; masturbação. É que no passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima.

AGORA É QUE A PORCA TORCE O RABO – Significa que se chegou a um ponto máximo da problemática de algum processo, seja qual for. É o momento mais difícil, mais crucial de um problema, O berço da expressão vem do comportamento instintivo dos suínos. Quando em estresse, na defesa de suas crias, eles enrolam ou torcem o rabo como sinal de sua fúria e partem para cima do agressor.


ANDAR À TOA - Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. O significado da expressão, por conseguinte, é andar sem destino, despreocupado, passando o tempo. Ou então uma pessoa sem determinação, que é comandada pelos outros.

ARCO DA VELHA – Uns dizem que a expressão tem origem no Antigo Testamento. Seria o sinal do pacto que Deus fez com Noé. Arco da velha seria uma simplificação de Arco da Lei Velha. Mas há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).

BAFO DE ONÇA - A onça é um animal carnívoro e se lambuza na hora de comer a caça, por isso fede muito e sua presença é detectada à distância na mata. Devido a isso, o hálito fétido passou a se chamar popularmente de bafo de onça. Também significa o hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado. (Autor: Hélio Consolaro).

BATATINHA QUANDO NASCE, ESPARRAMA PELO CHÃO – Trata-se de um conhecido ditado popular. Mas sua origem era “batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão”.

BATER NA MADEIRA – Historicamente, a árvore a ser tocada era o carvalho, venerado por sua força, altura imponente e poderes sobrenaturais. O culto surgiu há cerca de 4 mil anos entre os gregos e depois entre algumas tribos indígenas da América. Eles observaram que o carvalho era freqüentemente atingido por raios e pressupuseram que a árvore fosse a moradia do deus-céu (índios) e deus dos relâmpagos (gregos). E acreditavam que qualquer pensamento ou palavra de mau-agouro poderia ser neutralizada batendo-se na base do carvalho, pois a pessoa estaria se contatando com o deus e pedindo ajuda. Atualmente dá-se uma pequena batida em qualquer madeira para afastar um pensamento ou presságio ruim.

CAGADO E CUSPIDO - Sua origem tem algumas variações. Uma delas é “calcado e esculpido” (que se calcou/comprimido). Uma outra é “em carrara esculpido”, onde carrara é um tipo de mármore usado para esculpir e que deixa as peças mais “bem feitas” que outros tipos de mármores usados. Há ainda uma outra variante para tal expressão: “encarnado e esculpido”, como se o rosto e o espírito de alguém estivessem entranhados no rosto ou no corpo de outra pessoa. Significa muita semelhança entre duas pessoas. (Colaboração de Fabíola Luna e prof. Marcio Cotrim).

CAIR A FICHA - A expressão ainda é bastante popular, mas já não faz sentido, pela simples razão de que não se usa mais ficha para falar em telefone público. Agora é cartão. Desde 1930, os telefones públicos funcionavam com moedas de 400 réis. Veio a inflação, e galopante, o que fez com que, a partir dos anos 70, o governo preferisse a utilização de fichas. Só com elas seria possível acionar os chamados orelhões, equipamento urbano muito conhecido nas cidades brasileiras. Esse tipo de ficha só caía após ser completada a ligação, o que fez nascer a expressão cair a ficha, ou seja, o momento em que conseguimos entender alguma coisa. As fichas desapareceram em 1992 e deram lugar aos cartões, até hoje em vigor, mas a expressão continua sendo lugar comum em nosso quotidiano.

CALCANHAR DE AQUILES – Vem da mitologia. A mãe de Aquiles, Tétis, com o objetivo de tornar seu filho invulnerável, mergulhou-o, ainda bebê, num lago mágico, segurando o filho pelos calcanhares, que tendo ficado fora da água, foi a única parte de seu corpo a não se beneficiar com a magia. Páris feriu Aquiles, na Guerra de Tróia, justamente nesse calcanhar, matando-o. Portanto, o ponto fraco ou vulnerável de um indivíduo, por metáfora, é o calcanhar de Aquiles.

CANTO DO CISNE - Dizia-se antigamente que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão canto do cisne representa então as últimas realizações de alguém.

CARA DE UM, CU DE OUTRO – A expressão original era “cara de um, cútis do outro” , para expressar semelhança entre duas pessoas.

CASA DA MÃE JOANA - Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja proprietária se chamava Joana. Como, fora dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.

CHÁ DE CADEIRA – Tem a ver com atraso; com muito atraso. Historicamente, os nobres e fidalgos consideravam-se superiores às outras pessoas. Quando seus súditos queriam alguma audiência, eles eram acomodados em cadeiras e esperavam muito até serem atendidos, pois seus senhores atrasavam bastante para salientar o privilégio de poder fazê-lo. Os empregados, então, serviam chá para essas pessoas, que “mofavam” nas salas de espera, como uma forma de amenizar os longos atrasos. Daí surgiu essa expressão.

CHATO DE GALOCHA – Significa pessoas muito chatas, resistente e insistente. A galocha era um tipo de calçado de borracha colocado por cima dos sapatos para reforçá-los e protegê-los da chuva e da lama. Por isso, há uma hipótese de que a expressão tenha vindo da habilidade de reforçar o calçado. Ou seja, o chato de galocha seria um chato resistente e insistente.

CHEGAR DE MÃOS ABANANDO - Os imigrantes, no século passado, deveriam trazer as ferramentas para o trabalho na terra. Aqueles que chegassem sem elas, ou seja, de mãos abanando, davam um indicativo de que não vinham dispostos ao trabalho árduo da terra virgem. Portanto, chegar de mãos abanando é não carregar nada. Ele chegou de mãos abanando ao aniversário, significa que não trouxe presente para o aniversariante, que terá de se satisfazer apenas com a presença do amigo.

CHORAR AS PITANGAS - O nome pitanga vem de pyrang, que, em tupi, significa vermelho. Portanto, a expressão se refere a alguém que chorou muito, até o olho ficar vermelho.

COM A PÁ VIRADA - Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio. Mas sua origem tem relação com o instrumento, a pá. Quando a pá está virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita. Hoje em dia, o sujeito da "pá virada" tem outro sentido. Ele é O "bom". O significado das expressões mudam muito no Brasil, com o passar do tempo. E aqui está um exemplo.

COLOCAR NO PREGO - A origem dessa expressão vem do fato de que nas antigas casas comerciais – tabernas, empórios, farmácias – existia um prego onde o comerciante espetava as contas de quem pedia para pagar depois. Quando o freguês retornava para quitar a dívida, o dono tirava os papéis do prego, somava os valores e cobrava. Colocar no prego é colocar no pendura, comprar fiado, pagar depois. Ainda hoje alguns comerciantes, que não gostam disso, exibem um cartaz bem visível que avisa: “Fiado só amanhã”.

CONTO DO VIGÁRIO - Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de determinada santa, e, para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto para uma delas... Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burrico, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.

DA COR DE BURRO QUANDO FOGE – O ditado original era “corra de burro quando (ele) foge”, que era um aviso de perigo próximo e iminente.

DAR COM OS BURROS N`ÁGUA - A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde alguns dos burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.

DE CABO A RABO - Significado: Total conhecedor. Conhecer algo do começo ao fim. Histórico: Durante o período das grandes navegações portuguesas, era comum se dizer total conhecedor de algo, quando se conhecia este algo de "cabo a rabah", ou seja, como de fato conhecer todo o continente africano, da Cidade do Cabo ao Sul, até a cidade de Rabah no Marrocos (rota de circulação total da África com destino às Índias).

DE MEIA-TIGELA - Na linguagem popular, é coisa de pouco valor. A origem da expressão nos leva aos tempos da monarquia portuguesa. Nela, as pessoas que prestavam serviço à Corte – camareiros, pajens, criados em geral – obedeciam a uma hierarquia, com obrigações maiores ou menores, dependendo do posto de cada um. Alimentavam-se no próprio local de trabalho e recebiam quantidade de comida proporcional à importância do serviço prestado. Assim, alguns comiam em tigela inteira, outros em meia-tigela, critério definido pelo Livro da Cozinha del Rey e rigorosamente observado pelo funcionário do palácio, que supervisionava as iguarias que chegavam à mesa real – na verdade, o grande fiscal da comilança palaciana. Hoje, essa prática deixou de existir, mas ficou o sentido figurado da expressão, que continua designando coisas ou pessoas irrelevantes no seu meio social.

DEIXAR AS BARBAS DE MOLHO - Na antiguidade e na Idade Média, a barba significava honra e poder. Ter a barba cortada por alguém representava uma grande humilhação. Essa idéia chegou aos dias de hoje nessa expressão, que significa ficar de sobreaviso, acautelar-se, prevenir-se.

DOR DE COTOVELO - A expressão, usada para se referir a alguém que sofreu uma decepção amorosa, causando tristeza ou ciúmes, tem sua origem na figura de uma pessoa sentada em um bar, com os cotovelos em cima do balcão enquanto toma uma bebida e lamenta a má sorte no amor. De tanto o apaixonado ficar com os cotovelos apoiados no balcão, eles iriam doer. A partir daí que surgiu a expressão “dor-de-cotovelo”.

DOR DE VEADO – Sua origem era “dor desviada”, para designar uma dor fina na barriga, que muda de lugar.

DOSE PARA ELEFANTE (OU PARA CAVALO, OU PARA LEÃO) - Significa quantidade excessiva; demasiada. Essas variantes circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes. Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado. Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.

DOURAR A PÍLULA - Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas amargas em papel dourado para melhorar o aspecto do remedinho. A expressão dourar a pílula significa melhorar a aparência de algo ruim.

ENFIAR O PÉ NA JACA – O correto é enfiar o pé no jacá. Antigamente, os tropeiros paravam nas vendinhas, a meio caminho, para tomar uma pinga. Quando bebiam demais, era comum colocarem o pé direito no estribo e, quando jogavam a perna esquerda para montar no burro, erravam e pisavam no jacá (o cesto em que as mercadorias eram carregadas) e levavam um grande tombo. Por isso, quando alguém bebia demais dizia-se que ele enfiaria o pé no jacá. A jaca, fruta, não tem nada com isso.

ENTRAR COM PÉ DIREITO - A tradição de dar sorte ao entrar em algum lugar com o pé direito é de origem romana. Nas grandes celebrações romanas, os donos das festas acreditavam que entrando com o esse pé, evitariam agouros na ocasião da festa. A palavra “esquerda”, no latim, significa sinistro, daí já fica óbvia a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. A partir daí, a tradição se espalhou pelo mundo inteiro.

ERRO CRASSO – Licínio Crasso foi membro do primeiro triunvirato romano, juntamente com Pompeu e Júlio César. Era um político medíocre, ambicioso e interesseiro. Tomou a ofensiva na Síria contra os Partos, mas foi derrotado por um erro grosseiro de estratégia militar, que lhe custou a vida. Confiante na superioridade numérica de seu exército, e disposto a estraçalhar logo o inimigo, decidiu ganhar tempo cortando caminho por um vale estreito. Os sírios então fecharam as duas únicas saídas e o exército romano foi massacrado, incluindo ele próprio. Foi a decisão mais estúpida da história militar. Daí o significado da expressão.

ESTAR COM A MACACA - O berço da expressão significava que a pessoa estava possuída pelo demo. Em algumas culturas, palavras tipo demônio, capeta ou diabo são sinais de má sorte. Para atenuá-los, esses vocábulos têm sido substituídos por cão e macaca. Atualmente, a expressão caracteriza a pessoa nervosa, estressada, irritada.

ESTAR COM (OU DAR) ÁGUA NA BOCA – A expressão que, no sentido figurado, significa “provocar desejo”, tem por base a fisiologia animal. (principalmente os cães). É que o organismo desses animais, respondendo ao estímulo exterior, num “ato reflexo” espontâneo, provoca salivação abundante e facilmente induzida através do cheiro, gosto, presença ou pressentimento da chegada do seu alimento. 

ESTAR DE PAQUETE – Refere-se à situação das mulheres quando estão menstruadas.
Paquete é uma das denominações de navio. A partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia, no Rio de Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres.

ESTÔMAGO DE AVESTRUZ - O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver facilmente da espécie de comida ingerida por esse animal. A expressão, então, define aquele que come de tudo.

FALAR PELOS COTOVELOS - A frase, que significa “falar demais”, surgiu do costume que as pessoas muito falantes têm de tocar o interlocutor no cotovelo a fim de chamar mais a sua atenção. O folclorista brasileiro Câmara Cascudo fazia referência às mulheres do sertão nordestino, que à noite, na cama com os maridos, tocavam-nos para pedir reconciliação depois de alguma briga.

FAZER A SESTA – A expressão significa descansar ou repousar depois do almoço e é um hábito que remonta aos antigos romanos. Chama-se sesta porque é a sexta hora do dia romano, iniciado às seis horas da manhã. O costume ocorre até hoje em alguns países, que fecham o comércio na hora da sesta, só reabrindo-o no meio da tarde. Estudos dizem que fazer a sesta reduz o risco de morte por doenças cardíacas.

FAZER BOCA-DE-SIRI - A expressão é empregada para designar aqueles que se mantêm discretos e reservados em relação a determinado assunto, que conseguem guardar segredo. Gente conhecida como moita. Mas por que se diz que essa pessoa tão prudente faz boca-de-siri? É porque a boca do bicho dificilmente se abre, ele fica no mocó.

FAZER NAS COXAS - As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos. Como os escravos variavam de tamanho e porte físicos, as telhas ficavam desiguais. Daí a expressão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito.

FAZER O QUILO – A palavra quilo no grego é khulós (suco, sumo), produto da digestão, a última fase dela, quando o alimento se transforma em massa líquida. A expressão, neste caso, deve ser entendida como fazer a digestão, processo que pode ser estimulado por uma caminhada tranqüila ou ir ao banheiro fazer o nº 2. Mas alguns pesquisadores afirmam também que a palavra quilo é africana e chegou ao Brasil por angolanos que falavam o idioma quimbundo. Em quimbundo, a palavra significa sono, daí o entendimento de que “fazer o quilo” é dar uma boa cochilada depois do almoço (sesta).

FAZER UMA VAQUINHA - A expressão “fazer vaquinha” surgiu na década de 20 e tem sua relação de origem com o jogo do bicho e o futebol. Nessa época, já que a maioria dos jogadores de futebol não tinha salário, a torcida do time se reunia e arrecadava entre si, um prêmio para ser dado aos jogadores. Esses prêmios eram relacionados popularmente com o jogo do bicho. Assim, quando iam arrecadar cinco mil réis, chamavam a bolada de “cachorro”, pois o número cinco representava o cachorro no jogo do bicho. Como o prêmio máximo do jogo do bicho era vinte e cinco mil réis, e isso representava a vaca, surgiu o termo popular “fazer uma vaquinha”, ou seja, tentar reunir o máximo de dinheiro possível para um fim específico.

FICAR A VER NAVIOS - Dom Sebastião, jovem e querido rei de Portugal (sec XVI), desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Provavelmente morreu, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca, e era comum que pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo ficava a ver navios.

FULANO DESARNOU – O certo era “fulano desasnou”, para designar que a pessoa deixou de ser asno (burro).

FULANO, BELTRANO E SICRANO - Fulano vem do árabe fulân ("tal"). No espanhol do século XIII, fulano era usado como adjetivo, mas depois tornou-se esse substantivo que designa algo que não sabemos o nome. Beltrano veio do nome próprio Beltrão, muito popular na Península Ibérica por causa das novelas de cavalaria. A terminação em ano veio por analogia com fulano. E Sicrano tem origem misteriosa.

GATOS PINGADOS - Seu significado tem sentido depreciativo, usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância. Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão, que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão "gatos pingados" passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.

GUARDADO A SETE CHEVES - No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo “guardar a sete chaves” para designar algo muito bem guardado.

HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO – É uma das rimas infantis mais conhecidas de nossa língua portuguesa e cultura. Mas o correto é Hoje é domingo pedecachimbo. O domingo é um dia especial para descansar e relaxar, fumando um bom cachimbo (para aqueles que fumam, naturalmente), num verdadeiro ócio.

IDÉIA DE JERICO – Essa é de fácil dedução. Na região Nordeste, Jerico é o mesmo que mula. A expressão, então, designa alguma idéia tola, já que, figurativamente, jumento é o mesmo que indivíduo imbecil.

JURAR DE PÉS JUNTOS - A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado para expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

LÁGRIMAS DE CROCODILHO - É uma expressão usada para se referir ao choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.

LEVAR (OU COMER) GATO POR LEBRE – Uma lei do século XIII fixava o preço da pele de vários animais, como cordeiro, cabrito, raposa, lontra, marta e muitos outros bichos. A do gato fazia parte dessa lista e era muito barata (cerca de um terço da de raposa, sem falar nas peles de luxo como a de lontra ou a de marta). Em termos culinários, a carne de gato, depois de receber temperos que lhe fazem absorver melhor os condimentos, torna praticamente imperceptível a diferença entre ela e a de lebre. Por isso, a expressão significa ser enganado, ludibriado por algum vigarista.


MACACO VELHO NÃO PÕE A MÃO EM CUMBUCA - Existe uma árvore chamada sapucaia que dá um fruto em forma de cumbuca. Quando amadurece, a cumbuca desprende pequenas castanhas. Os filhotes de macacos enfiam a mão na abertura da fruta e ficam presos. Eles só conseguem sair quando fecham a mão e abandonam o fruto. O macaco velho, já experiente, não passa mais por isso.

MÃE (OU PAI, AVÔ OU AVÓ) CORUJA – A expressão nasceu da fábula “A Coruja e a Águia”, divulgada no Brasil por Monteiro Lobato. Ela conta que as duas aves fizeram as pazes e prometeram não comer mais os filhos da outra. E para que fossem reconhecidos pela águia e não mais devorados, a coruja orgulhosa estufou o peito e disse que seus filhos eram as criaturas mais bonitas da floresta, com penas lindas, olhar marcante e esperteza descomunal. Como todo mundo sabe, a águia não reconheceu os filhotes da coruja pela descrição que foi dada pela sua mãe e acabou devorando alguns monstrengos que piavam de bico aberto num ninho e que nem tinham forças para abrir os olhos. A expressão designa aquela pessoa que, além de se esmerar nos cuidados com os filhos, não vê defeito algum neles.

MARIA VAI COM AS OUTRAS – D. Maria I, mãe de D. João VI, foi considerada incapaz de governar, sendo afastada em 1792, acometida por controversos males mentais. Passou a viver recoilhida e era vista apenas quando saía para passear a pé. Devido a seu estado, jamais ia só. Sempre era acompanhada por algumas damas de companhia. O povo, quando a via assim, levada pelas damas, comentava: “lá vai D. Maria com as outras”. Atualmente, a expressão é dada para aquelas pessoas sem determinação, que não têm opinião própria, concordando sempre com o que os outros dizem ou fazem.

MATANDO CACHORRO A GRITO – A expressão significa estar desesperado, estar sem saída, estar passando grandes necessidades. Explicando toscamente: quando precisamos nos defender de um cachorro, mas não temos nada à sua mão, então o jeito é gritar tão alto até que o bicho morra de susto e fuja. É um ato de desespero de quem não tem outro recurso.

MEMÓRIA DE ELEFANTE - Diz-se que o elefante lembra de tudo que aprende. Então, quando as pessoas têm boa memória e se recordam de tudo, dizemos que elas tem memória de elefante.

MOTORISTA BARBEIRO - No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc. E por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela expressão “coisa de barbeiro”. Esse termo veio de Portugal, contudo a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.

NAVEGAR É PRECISO . . . VIVER NÃO É PRECISO – Muitas pessoas atribuem a frase ao poeta português Fernando Pessoa, que apenas a citou. Na verdade, seu berço é romano. O historiador Plutarco atribuiu esta frase ao general romano Pompeu. Naquela época havia fome em Roma e Pompeu foi encarregado para abastecer a cidade de gêneros alimentícios. Para isso organizou uma frota que foi à África, à Sicília e à Sardenha. No dia do regresso, com os navios carregados de trigo e outros grãos para alimentar a população, começou uma fortíssima tempestade. Os marinheiros, temerosos, quiseram adiar a viagem de retorno. Foi quando Pompeu, sabendo das dificuldades que passavam seus compatriotas, reuniu a marujada apavorada e fez uma histórica apelação, na qual teria dito a famosa expressão. Isso persuadiu a tripulação e a frota levantou âncora. A expressão até hoje é citada em momentos de graves decisões e serve de vigoroso estímulo a medrosos e indecisos.

NÃO É FLOR QUE SE CHEIRE – Por incrível que pareça, há uma flor repulsiva ao olfato. É a flor-cadáver, que apesar de linda, fede. Originária das florestas tropicais da Sumatra, é a flor mais malcheirosa do mundo. Antes de desabrochar, praticamente não tem cheiro, mas quando floresce libera um odor fétido, parecido com um cadáver exposto depois de vários dias. E assim, essa expressão popular lembra a pessoa pouco recomendável, que não merece confiança e, portanto, deve ser evitada.

NÃO ENTENDER PATAVINAS - Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Daí que não entender patavina significa não entender nada.

NECA DE PITIBIRIBAS - O termo neca equivale a nada e vem do latim nec, que significa não. De acordo com o dicionário Houaiss, o termo pitibiriba (ou pitibiribas) é tipicamente brasileiro. Ele quer dizer nada ou coisa alguma. Então foi só juntar os dois termos, apenas para reforçar.

NOVINHO EM FOLHA - De acordo com Flávio Vespasiano Di Giorgi, professor de Lingüística da PUC, a expressão “novinho em folha” surgiu em alusão a livros recém-impressos, que estariam com as folhas limpinhas, sem dobras, riscos ou diferenças na coloração. Eram livros, portanto, “novinhos em folha”.

O QUE É DO HOMEM, O BICHO NÃO COME - A frase quer dizer que as características intrínsecas às pessoas não podem ser modificadas por fatores externos. O “bicho” representa a sociedade, as leis, regras ou até outras pessoas. Segundo o dito popular, não adianta nenhum destes “bichos” lutarem contra os sentimentos e características arraigados em alguém.

O PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER – Diz-se da pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente. Nega-se a ver a verdade. Parece que a expressão surgiu em 1647, em Nimes, na França, na universidade local. Naquela época, o doutor Vicent de Paul D'Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.

OLHOS DE LINCE - Ter olhos de lince significa enxergar longe, uma vez que esses bichos têm a visão apuradíssima. Os antigos acreditavam que o lince podia ver através das paredes.

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS - Significado: Lugar longe, distante, inacessível. Histórico: Depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore. Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca das botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro. A história é omissa daí pra frente. Não sabemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão vem atravessando vinte séculos. Há também muitas expressões com o mesmo significado e o mesmo “personagem”, como “no calcanhar do Judas”, “cafundó do Judas, etc.

OVO DE COLOMBO - Expressão muito conhecida. É aquilo que parece não ser possível fazer, mas se revela muito simples e fácil, depois de feito. Seu berço está no nome de Cristóvão Colombo, o descobridor da América. A historinha, que nem todos conhecem, é a seguinte: de volta à Espanha como herói por haver descoberto o Novo Mundo, foi homenageado pelo cardeal Pedro Gonzalo de Mendonza com um lauto jantar. Nele, um fidalgo, ciumento e despeitado, menosprezou o feito de Colombo, garantindo que qualquer um poderia ter feito a descoberta, pois já era sabido que existiam terras a oeste. A essa crítica, Colombo evidentemente não poderia dar resposta imediata. Optou então por uma brincadeira cheia de significação: tomou um ovo, convidou todos os presentes a pô-lo de pé. Cada um tentou, mas em vão. Aí, Colombo quebrou a casca de uma extremidade do ovo e, pondo-o de pé, demonstrou com simplicidade como era fácil descobrir o caminho do Novo Mundo – depois que alguém já o tivesse feito. . .

PASSAR A MÃO NA (OU PELA) CABEÇA – A expressão parece ter seu berço no costume judaico de abençoar seus filhos ou netos convertidos ao cristianismo (cristãos-novos), passando-lhes a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronuncia uma bênção. É uma convicção de que essa atitude atrai a aprovação de Deus. Atualmente significa perdoar ou acobertar erro ou até crime praticado por um protegido.

PEGAR NO BICO DA CHALEIRA – Expressão ainda usada no Brasil. Significa bajular, incensar, gabar servilmente. Seu berço foi no Rio de Janeiro, então capital federal, a partir da poderosa figura do general José Gomes Pinheiro Machado, senador pelo Rio Grande do Sul, presidente do Partido Republicano Conservador, homem forte do Legislativo brasileiro e por 20 anos, entre 1895 e 1915, eminência parda de muitos governos. Ele, como todo bom gaúcho, mantinha na sala de sua casa uma pequena chaleira com água quente para alimentar sua bomba do chimarrão. Choviam-lhe políticos para obter sua bênção e favores. Todos disputavam o privilégio de segurar a chaleira para o chimarrão que o caudilho tomava, poupando ao senador o trabalho de preparar ou servir sua bebida preferida. Na ânsia de serem os primeiros, seguravam a chaleira por onde melhor calhasse: pelo cabo, pelo bojo e até pelo bico - neste caso, queimando os dedos. Mas que importava? Valia uma dorzinha besta para conseguir vantagens. O hábito acabou gerando o verbo chaleirar, praticado pelo chaleirador, o adulador, puxa-saco, etc.
PEGAR NO BREU – Vem dos tempos em que era comum soltar muitos balões nas festas juninas. A tocha deles era feita de sacos de estopa molhados com parafina de velas derretidas. No centro dessa mecha havia breu, substância escura e inflamável, muito utilizada também na produção de colas, tintas e vernizes. Quando o fogo atingia o centro da mecha, o balão tomava força e subia rapidamente. Dizia-se então que o balão havia pegado no breu (pegado impulso). Atualmente, a expressão designa situação que não pode inverter o rumo nem retornar à etapa anterior.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA - A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.

PERDER (OU GASTAR) O LATIM – O latim ainda é a língua oficial do Vaticano. Até o século 18, era o idioma da comunicação dos mais letrados. A expressão é comumente utilizada para designar o trabalho improdutivo, a realização de um esforço vão ou um discurso ou apresentação de uma idéia onde ninguém presta atenção ou acredita.

PERDER DE W.O. - A sigla W.O é a abreviação da palavra em inglês walkover. Significa alguma coisa que foi conseguida muito fácil, sem nenhum esforço. Quando numa partida esportiva, um dos times não aparece, ou não tem representantes suficientes para disputar, o adversário vence automaticamente. A vitória conseguida sem que os times tenham jogado é conhecida pela sigla.

POSIÇÃO QUE NAPOLEÃO PERDEU A GUERRA - Tem duas versões. A primeira diz que teria surgido depois da batalha de Waterloo. Atingido de raspão, Napoleão caiu ao solo e não conseguiu levantar-se. Arrastou-se então, como cobra, com as nádegas para cima, até que, cercado pelos inimigos, entregou-se nessa posição. Mas há quem discorde, afirmando que a expressão estaria relacionada à trágica retirada do exército de Napoleão, dizimado na Rússia pelo "general inverno". Os solados, vencidos por um frio desumano e vergados ao peso das mochilas e materiais transportados, caíam em plena marcha e muitos morriam de hipotermia, ali mesmo, de cócoras, com a cara no chão gelado.

PRÁ INGLÊS VER - A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra estava começando a combater a escravatura e exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas. Assim, essas leis eram criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo. A abolição da escravatura só aconteceu realmente em 1888, 58 anos depois.

QUEIMAR AS PESTANAS - Significa estudar muito. Usa-se ainda esta expressão, apesar de o fato real que a originou já não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler, vindo daí a expressão.

QUEM MUITO SE ABAIXA, O CU APARECE – Na realidade, o ditado popular era “quem muito se abaixa, oculto padece”, que é um conselho/um aviso, para as pessoas.

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO – Significa que, se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra. Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia "quem não tem cão caça como gato", ou seja, sozinho, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.

QUEM TEM BOCA VAI A ROMA – Antiga expressão, que vem da antiguidade. Sua origem era “quem tem boca vaia (verbo vaiar) Roma”, de uso corrente na população antiga de Roma, revoltada com a cobrança dos altos impostos.


QUINTOS DOS INFERNOS - Reinaldo Pimenta, na obra A Casa da Mãe Joana, conta que durante o século 18 os portugueses coletavam diversos impostos na colônia, entre eles, a quinta parte (20%) de todo ouro extraído. Depois da coleta, enviavam estes impostos – chamados de "quinto" – para Portugal. O povo da metrópole, que achava que o Brasil ficava muito longe, no fim do mundo, dizia: "Lá vem a nau dos quintos do inferno".

RASGAR A SEDA - A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: “Não rasgue a seda, que se esfiapa.”

RENTE COMO PÃO QUENTE – Tem a ver com o pão matinal da primeira refeição. Ele não pode faltar no café da manhã. Rente exprime proximidade e também constância, assiduidade. A expressão tem tudo a ver com pressa e pontualidade.

RESPOSTA LACÔNICA – Felipe da Macedônia (norte da Grécia), queria unir todos os povos gregos sob seu domínio. Armou então um poderoso exército e partiu para a conquista de outros territórios, onde se fez aclamar rei. Esparta, porém, resistiu. Os espartanos ocupavam a região sul da Grécia, chamada Lacônia. Felipe cercou as fronteiras da Lacônia e enviou a seguinte mensagem aos espartanos: “Se não se renderem imediatamente, invadirei suas terras. Se meus exércitos as invadirem, pilharão e queimarão tudo o que vocês mais prezam. Se eu marchar sobre a Lacônia, arrasarei sua cidade”. Alguns dias depois Felipe recebeu uma resposta. Abriu a carta e encontrou somente uma palavra escrita: “SE” . Daí a denominação de lacônica a respostas secas e curtas.

RODAR A BAIANA – Quando alguém recorre a essa expressão, é sinal que fai fazer um escândalo público, reagir com estardalhaço ou soltar tudo que vier à cabeça. Mas essa expressão não tem origem na Bahia, e sim no Rio de Janeiro. É que no inicio do século 20, os integrantes dos blocos de carnaval saiam fantasiados pelas ruas, cantando e dançando. Alguns espectadores, aproveitando a euforia geral, passavam a mão nas bundas das moças que desfilavam. Para acabar com isso, alguns capoeiristas passaram a se fantasiar de baiana e a amarrar lâminas de navalha na barra de suas saias. E, quando eles viam coisas do tipo, rodavam a baiana, levantando as saias e retalhando quem estivesse por perto. As pessoas só viam a baiana rodar e começar a confusão.

SAIR (OU FICAR) COM O RABO ENTRE AS PERNAS – Quando um cachorro é enxotado de um lugar, ele sai cabisbaixo, com o rabo entre as pernas. A expressão, então, ficou sendo usada para aquela pessoa que, depois de humilhada, sai envergonhada e sem esboçar nenhuma reação.

SANTO DO PAU OCO – No começo do século XVIII, a Coroa Portuguesa cobrava o Quinto, um imposto muito alto sobre o ouro extraído das minas. Os mineradores de Minas Gerais então, mandavam fazer santos ocos de madeira para poder esconder ouro dentro deles e assim poder escapar dessas cobranças. A grande religiosidade do povo impedia que os guardas das barreiras quebrassem as imagens para ver o que havia dentro. Esta foi a maneira encontrada na época para burlar o Quinto. A expressão se refere portanto aquela que não é nenhum santo.

SEGURAR A VELA - No período correspondente à Idade Antiga e Média, as pessoas acendiam velas para fazer suas atividades noturnas como, por exemplo, jantar, tomar banho, entre outras. Na Idade Média, as pessoas que eram designadas ao trabalho braçal seguravam as velas para que seu senhor enxergasse o que fazia. Em eventos e estabelecimentos que só funcionavam à noite, colocavam garotos para acender e segurar velas. Esse também era o trabalho desempenhado por alguns criados que seguravam candeeiros para que seus patrões pudessem ter relações sexuais com luz, porém durante todo o ato sexual eles deveriam manter-se de costas, de forma a não invadir a privacidade do casal. Ao longo do tempo o termo “segurar vela” ganhou diferentes definições e a mais recente é a utilizada para designar o papel de um amigo solteiro que acompanha um casal de namorados, ficando esse ‘sobrando e/ou atrapalhando’ o clima romântico do casal.

SEM EIRA NEM BEIRA - Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Estar sem eira nem beira significa que a pessoa é pobre e não tem sustentáculo no raciocínio.

SOLTAR A FRANGA – A galinha é um dos animais com mais longo período de cio, praticamente incessante. Como as galinhas domésticas geralmente ficam presas em cercados, soltá-las seria a forma metafórica de liberá-las para a prática do desejo sexual. Assim, a expressão significa assumir a posição homossexual, ou adotar o comportamento do sexo oposto. Mas também tem conotação mais ampla, como momentos de explosiva liberação pessoal (fazer ou dizer o que quiser, por exemplo), não necessariamente homossexual.

SORRISO AMARELO - É o riso forçado, meio sem jeito, constrangido. O sentido da expressão tem, evidentemente, a ver com a origem da cor amarela, que vem do latim amarus, amargo, acre, difícil, com derivação para o hispânico amarellu, pálido. Em tempos idos e vividos, o vocábulo se aplicava aos doentes de icterícia, que ficam amarelos devido a alterações na bílis, secreção amarga produzida pelo fígado. Quem exibe um riso amarelo quase sempre só abre a boca num meio sorriso por questão de educação porque no fundo, no fundo, está é pensando em chupar a carótida de seu interlocutor . . 
TEMPO DO RONCA - A expressão correta é do tempo do onça. onca. O onça era o governador da cidade do Rio de Janeiro, Luís Vahia Monteiro, militar português que lá chegou em 1725. Muito ranzinza e severíssimo, ganhou esse apelido de onça do povão, que o odiava. Destituído do cargo 7 anos depois, sumiu das terras cariocas deixando um rastro de profunda antipatia e a lembrança de um tempo ruim, o tempo do onça . . .

TEMPO É DINHEIRO - O físico Benjamin Franklin (1706-1790) teria chegado a ela depois de ler obras do filósofo grego Teofrasto (372-288 a.C). O pensador grego, a quem é atribuída a autoria de cerca de 200 trabalhos em 500 volumes, teria mencionado a frase: tempo custa muito caro. Isso porque ele escrevia, em média, um livro a cada dois meses.

TER DENTE DE COELHO - Quando um problema é muito intrincado, exige habilidade para ser solucionado e parece esconder alguma artimanha. Diz-se, então, que ali tem dente de coelho. Lembra o que acontece com os dentes desse animal: por mais que tente, não os consegue esconder. Aparecem, mesmo estando o bicho de boca fechada e lábios cerrados. Esperteza e espírito arguto também caracterizam esse animal. Diante disso, a expressão “ter dente de coelho” acabou traduzindo a idéia da existência de algum problema confuso criado pela intenção humana, e que vai exigir certa habilidade para ser resolvido. Dessa forma, em todos os casos onde existem armadilhas, dificuldades ou artimanhas ocultas, mas que podem ser percebidas com o uso de um pouco de atenção, a frase é cabível e perfeitamente aplicável.

TER SANGUE DE BARATA - Tem gente que pensa que as baratas não têm sangue. Elas têm sim, mas não é como o nosso. No caso delas, é um líquido quase pastoso e frio, como uma gosma, que transmite suas sensações. Ela não sente dor como nós sentimos, por isso resiste tanto. Daí dizer-se que uma pessoa tem sangue de barata quando não se altera facilmente, mesmo diante de situações difíceis. É o caso de alguém de temperamento frio e de extrema paciência.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA - No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia deixar o animal assim protegido se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.

UM É POUCO, DOIS É BOM, TRES É DEMAIS - De acordo com o escritor Deonísio da Silva, esta frase foi popularizada no século XX, em uma canção do compositor brasileiro Heckel Tavares (1896-1969). “Os versos dizem ‘numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais’ ”, explica o escritor. Embora a expressão seja relativamente recente, Deonísio afirma que seu sentido já aparecia na Bíblia. Segundo o Velho Testamento, três pessoas formavam um grupo grande demais para discutir assuntos íntimos.

UNHA DE FOME – Dá-se o nome de unha-de-fome ao sujeito mesquinho, pão-duro, sovina, avarento. Historicamente, a expressão sugere uma imagem negativa: a dos cristãos em relação aos judeus, que conseguiam obter rendimentos dos bens que acumulavam. Como as unhas simbolizam as garras de alguns animais, eram aqueles que se apegavam ao dinheiro ou aos bens materiais de maneira exagerada, como os animais para não perder a sua presa.

VÁ SE QUEIXAR AO BISPO - No tempo do Brasil colônia, por causa da necessidade de povoar as novas terras, a fertilidade na mulher era um predicado fundamental. Em função disso, elas eram autorizadas pela igreja a transar antes do casamento, única maneira de o noivo verificar se elas eram realmente férteis. Ocorre que muitos noivinhos fugiam depois do negócio feito. As mulheres iam queixar-se ao bispo, que mandava homens atrás do fujão.

VAI DAR ZEBRA – A zebra não figura entre os 25 bichos do jogo do bicho. Mas em 1964, um treinador de futebol muito galhofeiro garantiu a todos os repórteres que, naquele ano, a Portuguesa seria a campeã carioca de futebol. “Vai dar zebra”, dia ele. Os repórteres adoraram a brincadeira e o termo, passando a divulgá-lo, tanto no esporte quanto na política ou em qualquer acontecimento inesperado.

VOTO DE MINERVA - Na Mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinado. No julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa Minerva, da Sabedoria, o voto decisivo. O réu foi 
absolvido, e Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo.


Fonte: http://culturapopular2.blogspot.com/2010/04/origem-de-algumas-expressoes.html

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